quinta-feira, junho 23, 2011

Não há mais tempo para esperar pt.2

Ontem quando a luz do luar invadiu meu quarto, trazendo uma brisa fria e perfumada, soube que era a hora de abrir os olhos.
Ao som do ranger de suas madeiras envelhecidas, reconheci minha velha amiga, a Ponta das Escolhas.
Ambas podiam sentir que não havia mais como evitar o destino, sabíamos que tudo iria terminar em breve. Tocando em suas cordas gastas e puídas, lhe disse:
- Não quero prolongar esse fim, se é inevitável, que seja breve.
Ela concordou com mais um rangido longo e ecoado.
Por algumas horas trocamos pensamentos, relembramos momentos e por fim nos despedimos.
Sinceramente, a parte mais difícil não foi a despedida em si, e sim a lembrança de tantos outros momentos inesquecíveis.
Após andar sob suas madeiras, ela me pediu que arrebentasse suas velhas cordas quando tocasse em terra firme, fiquei honestamente tocada com sua atitude, afinal ela estava desistindo de existir e me pedira isso.
Não neguei seu pedido, mas acrescentei um também.
Quando cheguei ao outro lado, segurava em uma mão a faca que tirava a finalidade de minha amiga, e na outra um pedaço de seu corpo.
Minha vida poderá seguir em frente para sempre, pois ela estará comigo até o fim de meus dias assim como estive com ela até sua morte.
A vida se vai com facilidade, mas o que a torna eterna é por ter feito amizades, ter tido conquistas e ter no fim boas lembranças.

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